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Obras de Villa-Lobos e Mignone celebram música sinfônico-coral brasileira

Abertura Temporada 2015 – Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de MG

A Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais se unem para a primeira apresentação oficial da temporada de grandes concertos de 2015 da Fundação Clóvis Salgado. Sob a regência do maestro Marcelo Ramos e preparação coral do maestro Lincoln Andrade, o repertório inclui peças de dois grandes compositores brasileiros, da primeira metade do século XX, mesclando as raízes nacionais que inspiraram Villa-Lobos e Mignone e o romantismo folclórico do carnaval europeu, transformado em música pelo compositor Antonín Dvo?ák.

 

Em iniciativa inédita, por meio da campanha ‘BRAVO, PROFESSOR!’, a Fundação Clóvis Salgado vai garantir o acesso de profissionais da educação às apresentações realizadas no Grande Teatro. A partir de março, professores de todos os níveis terão entrada gratuita nos concertos da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico. O objetivo dessa ação é valorizar a atuação desses profissionais. Mediante apresentação de documentação que comprove a profissão exercida, cada professor terá direito a um par de ingressos.

 

Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho, trata-se de uma ação que visa valorizar a Educação, por meio dos professores, em benefício também dos alunos. “Entendemos que, assim, estamos contribuindo para um setor tão importante em nossa sociedade, uma vez que o acesso dos professores a um repertório de alta qualidade musical, executado pela Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais, irá refletir em sala de aula”.

 

Sobre o programa 

Segundo o Maestro Marcelo Ramos, Choros nº 10 – Rasga Coração, de Villa-Lobos, e Maracatu do Chico Rei, de Mignone, são a síntese da produção de música coral-sinfônica na primeira metade do século XX no Brasil.

 

Considerada por muitos a obra mais famosa de Villa Lobos, Rasga Coração é uma mistura de instrumentos e vozes, que criam uma teia sinfônica intrincada. “A primeira parte tem forma de prelúdio, define uma paisagem na floresta e cria um senso de expectativa que, aos poucos, vai se definindo pela transformação rítmica e, com a participação do coro, altera para um mundo selvagem e primitivo”, explica o maestro.

 

Sua versão original tem como tema central a polca Yara, de Anacleto de Medeiros, e letra de Catulo da PaixãoCearense, escrita em 1909. Questões com os direitos autorais da obra fizeram com que as gravações da peça substituíssem a letra por um vocalize. “Normalmente, nas apresentações, os cantores reproduzem onomatopeias rítmicas de fonemas aleatórios como “Jakata-Kamarajá-Tekerê-Kimerejé”, explica o regente titular do CLMG, Lincoln Andrade.

 

Atualmente, a letra de Catulo da Paixão Cearense já está em domínio público, mas a tradição do vocalize emRasga Coração se mantém em algumas apresentações. Neste concerto, pela primeira vez, o público terá a chance de conhecer essa raridade do cancioneiro popular brasileiro. Os versos originais da composição serão interpretados pelo Coral Lírico. “Além de serem inéditos no nosso repertório, os versos originais dão um colorido novo ao Choros e o público pode apreciar uma obra riquíssima da música erudita brasileira”, finaliza Lincoln Andrade.

 

Folclore brasileiro – O balé Maracatu do Chico Rei foi composto em dez movimentos curtos e, segundo Marcelo Ramos, retrata a riqueza rítmica de nosso folclore sob o ponto de vista de uma escrita ‘quase europeia’, uma vez que Mignone estudou na Itália. A composição de Francisco Mignone narra a trajetória do lendário escravo Chico, que era o rei de uma tribo no reino do Congo e foi trazido como escravo para o Brasil. Conseguiu comprar a sua alforria e de seus conterrâneos através do trabalho e tornou-se ‘rei’ em Ouro Preto.

 

No maracatu de Mignone, Chico Rei é apresentado por meio de ritmos populares e folclóricos. “Mignone construiu um universo sonoro próprio, sem deixar de lado as influências italianas na orquestração. É uma partitura cheia de energia e de coloridos próprios e a participação do coro é um caso pouco comum de balé com coro e orquestra”, destacam os maestros.

 

Carnaval europeu – Em 1891, Antonín Dvo?ák compôs Abertura Carnaval opus 92. A peça é parte de uma trilogia de aberturas – No Reino da Natureza, Carnaval e Othello. Dentre as três, Carnaval foi a obra que atravessou os anos e, até hoje, tem espaço no repertório das salas de concertos. Interpretada pela última vez há quase vinte anos, pela OSMG, a obra resume o sentimento transgressor da festa universal. Dvo?ák era membro da chamada escola nacionalista do período romântico, e consagrou-se como um dos mais expressivos nomes da música clássica do século XIX.

 

Sobre os Corpos Artísticos:

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – Criada em 1976, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, corpo artístico gerido pela Fundação Clóvis Salgado, é considerada uma das mais ativas orquestras do país. O repertório interpretado pela OSMG inclui desde o clássico tradicional, como balés, concertos, sinfonias e obras sacras, até grandes sucessos da música popular, com a série Sinfônica Pop. A Orquestra apresenta-se em eventos locais e nacionais, além de cidades do interior de Minas, com o intuito de difundir a música erudita e democratizar o acesso de diversos públicos a esse gênero musical. A OSMG atua também na temporada de óperas produzidas pela Fundação Clóvis Salgado.

 

Maestro Marcelo Ramos – Mestre em Regência Orquestral pelo Cleveland Institute of Music (EUA) e Doutor em Artes e Regência Orquestral na Ball State University (EUA), foi regente nas orquestras Amazonas Filarmônica, Teatro Nacional Cláudio Santoro e Sinfônica de Minas Gerais, onde dirigiu óperas e concertos sinfônicos. Participou de master classes internacionais com Michael Tilson Thomas, Kenneth Kiesler, Kurt Masur, Ronald Zollman e Alexandder Polistchuk. No Brasil, estudou regência com Eleazar de Carvalho e Dante Anzolini. Regeu as principais orquestras brasileiras no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Brasília e Espírito Santo. Além de regente, é violoncelista e arranjador. Já produziu três CDs com obras inéditas de compositores mineiros – a série Ofício de Trevas – e obras para bandas.

 

Coral Lírico de Minas Gerais – Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e que interpreta um repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Dentro das estratégias de difusão do canto lírico, o Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Concertos no Parque, Lírico na Cidade, Concertos Didáticos e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade, além de vivenciar o contato com os artistas.

 

Lincoln Andrade – Lincoln Andrade possui doutorado em Regência pela Universityof Kansas (EUA), mestrado em Regência Coral pela University of Wyoming (EUA), onde também foi professor assistente e ministrou aulas de canto coral e regência coral. Premiado nos Estados Unidos e na Europa, foi diretor musical do grupo ‘Invoquei o Vocal’; maestro titular do Madrigal de Brasília e do Coral Brasília. Ainda na capital federal, foi professor e diretor da Escola de Música de Brasília. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia. Também é professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Sobre os compositores:

Antonín Dvo?ák (1841-1904) – Compositor do período Romântico, utilizou em suas obras características da música de sua terra natal, a Boémia. Visto como um dos compositores mais versáteis de sua época, o seu estilo é considerado um expoente que conjugou o idioma nacional com a tradição sinfônica.


Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Maestro e compositor responsável pela descoberta de uma linguagem brasileira na música. É considerado o maior expoente do modernismo brasileiro. Suas obras possuem elementos de culturas regionais, como aspectos indígenas e de canções populares.


Francisco Mignone (1897-1986) – Pianista, flautista, regente e compositor erudito brasileiro, começou a estudar música aos dez anos. Integrou grupos de choro e compôs canções populares sob o pseudônimo de Chico Bororó.

 

Foto: Paulo Lacerda / Divulgação FCS 

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