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Em abril, a banda Falcatrua prepara o lançamento do novo disco: “Pequenas Porções de Espaço”
O fliperama do novo milênio do FALCATRUA está revisto e ampliado para fazer divertir e pensar o novo velho Brasil. “Pequenas Porções de Espaço”, quinto disco da banda mineira que melhor sabe arquitetar a convivência de muitas artes em favor da diversão e da poesia, soa como uma série de flashes precisos disparados em direções e destinos variados.
“O "conceito" artístico do disco é baseado no universo lúdico dos parques de diversões”, esclarece o baixista e tecladista Danilo Guimarães, que criou a expressão depois de um sonho. “Um lugar comum, onde é possível desfrutar de diversas sensações no mesmo ambiente: PEQUENAS PORÇÕES DE ESPAÇO.”
Com dez faixas e produção do bamba Chico Neves, também responsável por alguns teclados, o disco conta com preciosas ajudas dos amigos Tom Zé, Pedro Morais, Érika Machado, Marina Machado e Júlia Branco e funciona como um game em que cada etapa conduz o ouvinte a um tema diferente.
Único autor presente em todas as músicas, o vocalista e performer André Miglio crava com precisão as intenções: “O disco promove o encontro das diferentes facetas da banda incluindo humor, rock, gentileza, balada, realidade e amor com a clara intenção de provocar a saída da inércia mental, corporal e emocional”. A banda, que admite estar com a formação que tem melhor desempenho no palco, se completa com o guitarrista Fracesco Napoli e o baterista Fred Corrêa. E não escapa da proposta original, de ultrapassar limites que separam a música da dança, do circo, da performance, do teatro, do vídeo e da poesia. Artes plenamente integradas a partir de uma base rock´n´roll que inclui MPB,folk, influências do soul de Tim Maia (que recriaram com felicidade no terceiro disco, “Vou Com Gás”), psicodelias musicais e marchinhas de carnaval.
O disco abre com a música de trabalho “Consciência” (André Miglio/Adriano Miglio Porto), um disco/rock com mini-moogs furiosos, riffs de guitarra e poesia concreta. “Maravilha” (André Miglio), com iluminada participação de Marina Machado nos vocais, soa circular, bailante, como se o espírito dos primeiros Mutantes baixasse em Belo Horizonte, sob olhar atento de Ben(jor).
Na sequência, a faixa-título, “Pequenas Porções de Espaço” (André Miglio/ Danilo Guimaães/ Francesco Napoli), é um envolvente chamado à gentileza, à sutileza, ao convívio com respeito e diversão: “deitar e abarcar o mundo/ levantar passo a passo/ ávida por um segundo/ pequenas porções de espaço.” Outra Machado, Érika, da a leveza certa à quase minimal “Pinóquio” (André Miglio/ Danilo Guimarães|), no limite da boa canção infantil, com assobio e respiração circular, enquanto o nariz cresce a cada mentira. Para (me)ninar gente grande e pequena.
O CD chega à metade com uma das novas parcerias do grupo com Pedro Morais, que participa dos vocais. O rock “Olho no Olho” (André Miglio/ Danilo Guimarães/ Francesco Napoli/ Frederico Correia) atualiza o lema dos três mosqueteiros e a pena de Talião: “olho no olho/ um por todos/ e todos por um.”
O “lado B” abre com o punk brazuca “Brasil” (André Miglio/ Danilo Guimarães), um tema antigo, mas atual, convocando direita e esquerda, pobre, branco, preto e rico pra cantar e espantar males e malas. A participação de Tom Zé, tirada do disco “Jogos de Armar”, dá tintas tropicalientes à convocação, confirmadas na faixa seguinte, “Realidade” (André Miglio), um rock-baião-progressivo que faz pensar e dançar, entre buzinas e engarrafamentos.
“Etérea” (André Miglio), com melodia delicadamente minimalista e letra de influência taoísta, é outro exercício de delicadeza, com a voz de Júlia Branco reforçando a sensação de comunhão entre o físico e o etéreo.
A reta final traz “Bussunda”(André Miglio), composta na época da morte do humorista, tratando de futebol e política, relação atualizada a cada quatro anos. E a marcha "Namorá Casá” (André Miglio),que questiona a trilogia namorar/casar/desquitar no novo milênio .Composta no início dos anos 2000, quando André, Marina Machado e Flávio Henrique entre outros, montaram a Charanga Espacial, prenunciando esse resgate do Carnaval em BH. A ideia, defende o autor, “é justamente ridicularizar essa questão do contrato pro amor com uma estética descompromissada de marcha rock.”
Com temas sintonizados com seu tempo, com brechas e espaços para improvisos, as dez faixas de “Pequenas Porções de Espaço” garante diversão sem abrir mão de rigor formal e a atitude de vigilância e irreverência que permitem incluir o FALCATRUA na lista dos grupos mais originais da atual música brasileira.
Foto: Divulgação
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