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Mostra exibe filmes da era de ouro do cinema japonês

Produção nipônica entre as décadas de 50 e 60, em película, é resgatada na mostra

Por meio de uma parceria com a Fundação Japão e o Consulado Honorário do Japão em Belo Horizonte, a Fundação Clóvis Salgado propõe em 2015 um aprofundamento no cinema japonês. Em seu primeiro recorte, a mostra se dedica a explorar a produção nipônica entre as décadas de 50 e 60. Durante 22 dias, vão ser exibidas, em formato película - 16mm e 35mm, 19 obras de cineastas como Yasuhiro Ozu, Kenji Mizoguchi, Akira Kurosawa,Teinosuke Kinugasa, Shoei Immamura e Mikio Naruse que representam um momento de inventividade e reconhecimento do cinema japonês.

 

Com produções como Era uma vez em Tóquio, de Yasuhiro Ozu, Os amantes crucificados, de Kenji Mizoguchi,Portal do Inferno de Kinugasa e Vida de Casado de Naruse, a vasta produção japonesa desse períodocaracteriza anos gloriosos de realização, cujo reconhecimento internacional acompanhou a formidável força de uma indústria cinematográfica extremamente poderosa e particularmente interessante. André Bazin, um dos fundadores da renomada revista francesa Cahiersdu Cinéma, chegou a afirmar que “A revelação do cinema japonês é seguramente o acontecimento cinematográfico mais considerável desde o neo-realismo italiano”.

 

O cinema japonês dos 50 e 60 é muito baseado na contemplação, expressa em processos estéticos inovadores e modernos. De modo geral, os filmes se debruçam sobre o ordinário, tratando de questões cotidianas, sem qualquer glamourização da vida humana.“Esses diretores trabalham com o tradicional, com questões bem peculiares da vida e da cultura japonesa, mas mesmo assim a assimilação dessas obras não é exclusiva, elas são dotadas de universalidade, tanto em sua linguagem como em sua temática”, explica Bruno Hilário, curador da mostra.

 

As obras refletem um momento singular do Japão, que buscava se reconstruir depois da Segunda Guerra Mundial e da ocupação Norte-Americana. Ao mesmo tempo, pela primeira vez, o país encontra uma cadeia de distribuição de filmes mais estruturada, tanto nacional como internacionalmente, e o aumento da popularidades dos estúdios japoneses como: Toho, Failei, Shochiku e Nikkatsu. Nesse período, a indústria cinematográfica japonesa, vive um significativo aumento na quantidade de salas de exibição, mesmo após a chegada da televisão, que trouxe uma profunda crise nos grandes estúdios ocidentais.

 

As consequências da Segunda Guerra Mundial marcam os filmes produzidos neste período direta, às vezes como elemento central da trama, e indiretamente.Cada cinegrafista tratou dos efeitos da guerra de formas únicas e alternativas. “Esse é um momento em que a produção é muito reflexiva sobre um povo que que está se repensando, se analisando”, completa Bruno.

 

Dias Mizoguchi e Ozu – Dois dos mais representativos cineastas do cinema japonês vão ter dias dedicados aos seus filmes na programação do Cine Humberto Mauro.

 

Serão exibidos 5 filmes dirigidos por Ozu, em sequência cronológica, nos dias 07 e 08 de Março de 2015. Conhecido por examinar profundamente as situações vivenciadas pelo homem comum, principalmente a tensão entre a tradição e a modernidade, Ozu trata dos ciclos de nascimento e morte, a transição da infância para a idade adulta.

 

A II Guerra Mundial marcou profundamente a obra de Ozu, tornando-o num dos maiores cronistas das mudanças que a família e a intimidade sofreram no pós-guerra.Pessoas normais, com imperfeições, são abordadas em longos planos fixos, intermediados por espaços vazios.

 

Já a obra de Kenji Mizoguchi será exibida nos dias 10 e 11 de março, serão seis filmes, também em sequência cronológica. O universo de Mizoguchi estabelece profundas críticas à sociedade japonesa de sua época, principalmente ao papel universo das mulheres, das mais diferentes classes, na vida sociais. Mesmo lidando com temas históricos, Mizoguchi apreende em suas imagens a simplicidade, a ausência de efeitos ou artifícios que não são essenciais à narrativa. O cineasta revela, com isso, um novo olhar sobre os seres, a sociedade e suas complexidades.

 

Cinema Japonês Parte II – No segundo semestre de 2015, a Fundação Clóvis Salgado vai apresentar a continuação da mostra, com um novo recorte temporal, exibindo a produção japonesa dos anos seguintes. 

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