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Pássaro Verde tem primeira motorista mulher da história da empresa
Leila Ferreira Amora está no comando dos volantes da viação há três meses
Nos últimos três meses, os passageiros que usam a Viação Pássaro Verde para se locomoverem de Ponte Nova à Viçosa, Caratinga ou Belo Horizonte, notam uma presença diferente no comando dos volantes da empresa: a da motorista Leila Ferreira Amora, 39 anos, a primeira mulher ao longo das sete décadas de história da companhia a ocupar o cargo.
Com 12 anos de casa, antes de chegar ao posto desejado, Leila foi auxiliar de viagens, passou pela área administrativa, até que em dezembro de 2022, já com a carteira de habilitação categoria D em mãos - que permite conduzir veículos maiores - teve a oportunidade de se tornar manobrista dos ônibus. Mas ela queria mais: estar na função até então inédita para as mulheres e assumir o comando das viagens intermunicipais da empresa. “Depois de um bom desempenho como manobrista, em dezembro de 2023, fui convidada para ser motorista, o que para mim é a realização de um sonho. Em 2020, quando consegui a habilitação D, já queria guiar caminhões e ônibus”, conta.
Desde que assumiu o novo cargo, Amora conta que tem encontrado uma boa recepção dos passageiros, que ficam surpresos ao descobrirem, durante o embarque, que serão guiados por uma mulher. Alguns até a parabenizam no final do trajeto. “Se eu ocupo esse lugar, hoje, é porque tive competência para tal. E competência não tem gênero”, enfatiza.
Ainda segundo a motorista, a profissão também é motivo de orgulho para os dois filhos – uma jovem de 23 e um rapaz de 21 anos – que sempre foram ensinados a repudiar qualquer tipo de machismo ou intolerância. “Muitos de nós reproduzimos comportamentos que aprendemos em casa. Então é preciso que os nossos filhos aprendam, desde cedo, que não existe cargo para homem e cargo para mulher. E o que eu mais desejo, não só no 8 de março, mas em todos os dias, é que nós, mulheres, tenhamos cada vez mais força para lutarmos por nossos ideais e que possamos estar em qualquer lugar onde desejarmos, pois o nosso lugar é aonde a gente quiser”.
O gerente de unidade da companhia, João Holanda, revela que a contratação de Leila para o cargo de motorista é a primeira de uma série de admissões que estão por vir. “Nossa intenção é aumentar o quadro de mulheres ocupando esse posto. Para isso novos processos seletivos estão abertos”, finaliza.
Importante:
No ano passado, foi aprovada a lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. A fiscalização é feita por meio do preenchimento de um relatório de transparência salarial e de critérios remuneratórios do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) em que empresas com mais de 100 empregados são obrigadas a prestar informações sobre o quadro de funcionários. O prazo para que as companhias comecem a completar o relatório começou em janeiro.
A lei foi aprovada em meio a uma toada de estudos e dados estatísticos que mostram mulheres historicamente ganhando menos do que homens. Uma pesquisa realizada por Janaina Feijó, docente da FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que, no Brasil, a remuneração média dos homens foi 25,3% maior do que a das mulheres no segundo quadrimestre de 2023. Eles também representavam 60% dos cargos de gerência do período.
Estudos também indicam que diversos fatores influenciam a diferença salarial entre homens e mulheres, como a maternidade e a cor da pele —mulheres negras, por exemplo, ganham ainda menos do que as brancas.
Foto: Leandro Guieiro
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