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118 dias depois da lama, Djambê lança clipe de “Quanto Vale?”

O engajamento é uma característica natural, quase inerente, do trabalho desenvolvido pela banda Djambê. Quando o Brasil presenciou o maior crime ambiental de sua história, em novembro passado, em Mariana, o grupo logo transformou a dor em música e “Quanto Vale?” ganhou a internet, com quase um milhão de visualizações.

 

No momento em que a tragédia completa quatro meses – sem que qualquer pessoa seja responsabilizada ou que os moradores de Bento Rodrigues recebam um mínimo de compensação por suas perdas –, o Djambê divulga o videoclipe oficial de “Quanto Vale?”. A estreia no Youtube acontece nesta quarta-feira, dia 2, ao meio-dia.

 

O vídeo foi construído de forma coletiva. Os amigos foram convidados a participar e, no dia da gravação, cerca de 50 pessoas apareceram para colaborar. Todos ajudaram com encenação, preparação de cenário e figurino, preparo de alimentos, entre outras demandas. “A ideia básica do clipe já havia sido explicada, mas todos ficaram livres para sugerir cenas e trazer outros pontos de vista”, conta Priscilla Glenda, uma das vocalistas do grupo.

 

Participaram integrantes do Grupo dos Dez de teatro, do Ballet Jovem e do Teatro do Palácio das Artes, militantes do Levante Popular da Juventude, residentes da Casa Fora do Eixo Minas, fotógrafos, pais, mães e irmãos.

 

Todas as cenas tratam da lama que fere e mata, da sobreposição do poder sobre o humanismo, da água impura que matou o Rio Doce. “O clipe traz a nossa visão diante do ocorrido, com alguns personagens principais como o fio condutor da história: o empresário, o político, a imprensa e as vítimas. A ênfase das imagens está nas pessoas, por isso utilizamos um fundo preto e o plano americano”, explica Priscilla.

 

Sem fronteiras

O importante e contundente discurso de “Quanto Vale?” ganhou repercussão rapidamente na internet e, poucos dias depois da tragédia em  Mariana, o Djambê recebeu convites para interpretá-la ao vivo.

 

O primeiro aconteceu na abertura do Festival de Arte Negra, em novembro do ano passado, quando o Grupo dos Dez de Teatro convidou o Djambê para uma apresentação cheia de lama no Memorial Minas Vale, o centro cultural mantido pela Vale (empresa que possui metade das ações da Samarco, responsável pelo rompimento da barragem do Fundão).

  

Dias depois, a banda recebeu o convite para tocar em Regência (ES), uma vila localizada a 120 km de Vitória, às margens do Rio Doce. O lugar, que tinha a economia atrelada fortemente à pesca e ao turismo, teve a realidade completamente transformada.

 

“No caminho para lá, fomos margeando o rio e presenciamos a destruição e o desespero de algumas famílias ribeirinhas. Além de não ver nenhum vestígio de vida nas proximidades do rio, ficamos devastados com o cenário, que parecia de guerra, com comboios de caminhões de água mineral escoltados pela polícia e filas de moradores esperando para receber doações. E quando, finalmente, chegamos, não acreditamos no que estávamos vendo. A praia estava irreconhecível, mar de lama e areia suja”, lembra Priscilla.

Foto: Isis Medeiros

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