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Fernando Fiuza ganha retrospectiva no CCBB BH
Mostra reúne 60 obras e exibe o documentário “O homem roxo” que retrata a trajetória do artista plástico. A abertura está programada para o dia 25 de fevereiro
Amante do desenho, da pintura, da poesia, da música e do cinema, Fernando Fiuza viu na arte, literalmente, um sentido para viver. Não só deixou saudade ao partir em 2009, mas, acima de tudo, uma vasta produção artística e uma significativa lição de vida. Parte do seu legado estará reunido na exposição: “Mulheres, o traço poético de Fernando Fiuza”. A mostra, que ocupará as galerias do térreo do Centro Cultural Banco do Brasil, ocorre de 25 de fevereiro até o dia 13 de abril, com visitação gratuita de quarta a segunda-feira (as terças-feiras o CCBB não abre), das 9 às 21 horas.
Sessenta obras, produzidas entre 1982 e 2009, compõem a primeira mostra individual do artista após o seu falecimento. São pinturas e desenhos em aquarela, carvão, guache, grafite e pastel seco (lápis semelhante ao giz de cera com cores vibrantes). A exposição homenageia um dos maiores expoentes das artes plásticas de Minas Gerais que se dedicou, sobretudo, ao desenho, arte que Fiuza abraçou desde os seus quatorze anos. Seu primeiro trabalho público data de 1971.
O recorte proposto, de acordo com a curadora da mostra, a professora e ceramista Luciana Radicchi, surgiu do fato de Fiuza possuir vários desenhos de mulheres e, acima de tudo, por ter convivido muito com o público feminino. “Por causa de seu problema cardíaco, o Nando nunca pôde realizar as atividades que os jovens na idade dele faziam. Assim, acabava se aproximando mais das mulheres. Sempre estava cercado de amigos, mas, principalmente, de amigas. Captava muito bem o mundo feminino e gostava de retratá-lo em seus desenhos. Até no hospital, na fase mais difícil, ele não deixava de desenhar, mesmo que fossem as enfermeiras”.
“Como fui casada com o Nando durante 18 anos tenho uma quantidade muito grande e variada do acervo dele. Foi extremamente difícil decidir o que iria entrar ou não na mostra. Primeiro, selecionamos todos os desenhos, pinturas e retratos relacionados ao tema que queríamos abordar. A partir disso, fomos por eliminatória escolhendo o que considerávamos mais bonito, o que mais representava o trabalho dele e que caberia no local”, explica a curadora Luciana Radicchi.
Artista autodidata, o belorizontino Fernando Fiuza soube diversificar sua atuação apostando também na fotografia e na ilustração. Como fotógrafo, produziu mais de 100 capas de CDs de artistas como Juarez Moreira, Nivaldo Ornelas, Gilvan de Oliveira, Nelson Ayres, Toninho Horta, Weber Lopes, Gilberto Gil, Marco Antônio Guimarães, UAKTI e Belchior, entre outros. Como ilustrador, viu seu trabalho publicado em livros de Thiago de Mello, Malluh Praxedes, Alda Stutz, Kiko Ferreira e Manoel Lobato.
“Geralmente o artista se dedica apenas à arte que tem mais afinidade, mas, com o Nando era diferente. Ele dava conta de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Ele tinha um olhar refinado e uma sensibilidade muito grande e empregava essas características em todas as suas formas de expressão. Era extremamente inteligente, um profundo conhecedor de literatura, poesia, música e cinema. Deixou um legado cultural muito importante para a cidade”, relata a curadora.
Fernando Fiuza tinha uma verdadeira paixão pela vida e por sua obra. Logo após a morte do artista, Luciana Radicchi começou a sentir a necessidade de desenvolver um trabalho que abrangesse pelo menos parte da obra do autor. ”Pensei em uma exposição que pudesse ser em um lugar bacana e, ao mesmo tempo, que várias pessoas tivessem acesso. A partir daí, fui atrás do Cláudio Rocha, produtor cultural, que tem me ajudado, desde então, a concretizar essa iniciativa. ‘Mulheres, o traço poético de Fernando Fiúza’ será a oportunidade de apresentar o Nando para aqueles que ainda não o conhecem e de matar a saudade daqueles que já o admiram. De deixar mais vivo possível todo o seu rico trabalho. Através dos desenhos desta mostra, as pessoas poderão ver a verdadeira alma do Nando”, acrescenta.
Sétima arte integra exposição
Como parte da programação, no dia 11 de março, às 19 horas, será exibido no Teatro 2 do CCBB o documentário “O homem roxo”. Dirigido por Carlos Canela e pelo cartunista Duke, o filme retrata a trajetória do artista plástico mineiro e sua batalha contra a doença azul, sério e raro problema cardíaco, que o acometeu desde a infância até os 56 anos de idade, quando faleceu. Antes da sessão, os diretores comentam o filme.
“O homem roxo” traz várias entrevistas com Fiuza contando sua própria história e suas aventuras com muita arte e bom humor. Depoimentos de familiares e amigos do cenário musical, como Toninho Horta, Nelson Ayres e Juarez Moreira, também compõem o documentário produzido pela Carabina Filmes, com trilha sonora de Mauro Rodrigues. Fernando Fiuza faleceu em 30 de outubro de 2009, exatamente um dia após o filme ficar pronto. O lançamento ocorreu em abril de 2010.
“Um poeta da pintura”
Artista plástico, fotógrafo e ilustrador, Fernando Fiuza dedicou-se ao desenho desde a adolescência. Em 1977, montou seu ateliê incorporando ao seu trabalho a fotografia, a ilustração e a colagem. Em 1978, passou a ministrar cursos e oficinas de desenho, pintura e fotografia, tendo sido professor de desenho e estímulo à criatividade do Centro Cultural Tangran.
Como artista plástico versado nas técnicas com lápis, nanquim e aquarela, expôs, individual e coletivamente, em diversos espaços: Palácio das Artes, Sala Corpo de Exposições, BDMG Cultural, Galeria de Arte do Fórum Lafayette e Museu Abílio Barreto (Belo Horizonte); Embracine e Espaço G-51 (Brasília); Memorial da América Latina (São Paulo); Museu de Quito (Equador), entre outros.
Tido por muitos – e bem definido nas palavras do escritor e amigo Thiago de Mello – como “um poeta da pintura”, era admirado por grandes nomes das artes brasileiras e mundiais, entre eles o pintor italiano Roberto Sambonet.
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