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Em qual família não há aquele parente que gosta de promover brincadeiras e divertir todos? Muitos deles levam essa ação a sério ao fazerem dela sua profissão, tornando-se, por exemplo, comediantes ou humoristas. Geralmente, esses profissionais são confundidos e nem sempre são relatados em sua maneira correta, como explica o ator André Salles, em cartaz com a peça “Vida de busão, não é mole, não!” na 41ª Campanha de Popularização Teatro e Dança.

Ele afirma que é muito importante esclarecer que humorista não é comediante e vice-versa. Humorista é um escritor, que escreve textos de humor. O comediante é um tipo de ator, especializado em dramatizar os textos de humor. Fernando Veríssimo é um humorista maravilhoso e não é comediante. Jô Soares é humorista, pois escreve, e é comediante ao mesmo tempo, pois atua”, esclarece.

 Salles conta que o comediante é muito crucificado pela sua ousadia. “O profissional que não se arrisca, que não experimenta, não ganha o público. Comediante domesticado é chato. Humor barato. Rafinha Bastos diz algo que adoro: as piadas ruins nascem do mesmo lugar que as boas: da tentativa. Se não dermos a cara a tapa, nunca saberemos o que é ou não engraçado”, observa. 

Atualmente, o ator acredita que o humor está se modernizando, tornando-se prático, com os comediantes usando recursos menos trabalhosos e mais modernos. “Os assuntos são mais ousados - eu falo do outro, faço humor com o outro e comigo também. A diferença é que, hoje, as opiniões são colocadas de forma mais veemente, do tipo: ‘é isso que penso e ponto final’. Quem rir, ótimo, quem não rir, serve de lição para a próxima piada”, conta.

Como qualquer profissão, os comediantes e humoristas também encontram dificuldades no mercado de trabalho, sendo que a principal delas é a falta de incentivo público. “Existe uma dificuldade de levar a população ao teatro, principalmente, fora da Campanha de Popularização, além de precisar lidar com o famoso limite do humor, com a religião, as manias, os jeitos e as opiniões de cada um. Isso é muito difícil. Com o que posso fazer piada? Com o que não posso? Eu não sei. É sempre uma discussão que vai se atualizando, se modernizando, melhorando”, avalia.