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Brasileiro realiza residência artística na Patagônia

Marcel Diogo investigou a história dos desaparecidos da ditadura argentina para criar o projeto “Covas para um”.

 

Promover uma reflexão sobre os desaparecidos durante a ditadura argentina. Esse é o objetivo de Marcel Diogo, artista da galeria de arte online Arte & Artefato, com o projeto “Covas para um”. Para isso, foram abertas covas no deserto da Patagônia, na Argentina.

O artista foi selecionado para participar da Residência Artística Barda del Desierto, na Patagônia Argentina, uma plataforma independente que busca convocar artistas nacionais e internacionais a desenvolver projetos artísticos e culturais. “Desejava desenvolver um trabalho para o local da residência que pudesse dialogar com toda a América Latina, inclusive o Brasil. Infelizmente, a tragédia nos une. Algo comum a todos esses países são períodos de governos militares ditatoriais, por isso decidi trabalhar em um projeto sobre esse período”, explica Marcel.

O número de desaparecidos durante a ditadura militar, segundo a Conadep (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas), é de cerca de 13.000 pessoas, mas grupos defensores dos direitos humanos, como as Mães da Praça de Maio e o Serviço Paz e Justiça, estimam cerca de 30.000 desaparecidos. Para representar 1% dos desaparecidos na Argentina, o artista tinha a proposta de abrir 300 covas.

Marcel passou 23 dias no local com o objetivo de desenvolver um projeto. No total, foram abertas 69 covas, com a ajuda do artista Claudio Lanfquén no último dia de trabalho. “O número foi menor que o previsto devido a dificuldade de trabalhar no local. Isso gerou reflexões ainda mais profundas. Escavar 300 covas surge como tarefa dificílima para um artista, porém é apenas 1% dos desaparecidos. E essa situação deixa claro que a barbárie é muito maior do que imaginamos”, afirma.

As 69 já abertas constituem uma imagem impactante, como feridas abertas que não cicatrizam. Além de ser uma homenagem ao país, aos mortos e seus familiares, o artista também enxerga o projeto é uma possibilidade de reflexão e aprendizado sobre o período para que possamos evitar futuras violências. O projeto continua aberto para, em algum momento, alcançar as 300 covas.

Foto: Marcel Diogo

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