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Lançamento de livro resgata a memória negra de Belo Horizonte
A obra "Largo Do Rosário - Do Arraial dos Pretos à cidade dos brancos", organizada pelo Padre Mauro Luiz da Silva, convida à reflexão sobre as relações entre território, raça e poder. Belo Horizonte recebe eventos de lançamento nos dias 18, 22 e 23/2
Poucas pessoas que passam pelo cruzamento da rua da Bahia com a Timbiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, sabem que aquele local era conhecido como Largo do Rosário, antes mesmo da fundação de Belo Horizonte. Ali ficava a Igreja do Rosário e um cemitério para o sepultamento de membros da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, responsáveis pela construção do Largo há mais de 200 anos.
De acordo com pesquisas realizadas pelo professor, doutor e coordenador do Projeto NegriCidade, Padre Mauro Luiz da Silva, no século 19, este importante marco para a população negra foi destruído para a construção da capital mineira. Com isso, os então moradores foram forçados a se deslocarem para áreas periféricas da cidade. “Queremos que as pessoas conheçam a história do Largo do Rosário e de quem ajudou a construí-lo. Afinal, esse é um espaço de grande importância para a memória da população negra em Belo Horizonte e queremos devolver esse direito à memória”, aponta.
Para isso, neste mês de fevereiro, será lançado o livro "Largo do Rosário - Do Arraial dos Pretos à Cidade dos Brancos", idealizado pelo Padre Mauro, um importante estudo sobre as transformações históricas e socioculturais do Largo do Rosário. A obra foi escrita a partir de minuciosas pesquisas realizadas pelo organizador e tem sido um meio de lançar luz às trajetórias de resistência e apagamento enfrentada pelas comunidades afrodescendentes, na formação urbana de Belo Horizonte, desde o Arraial do Curral Del Rey até a cidade planejada. “A publicação reúne os achados da minha pesquisa, iniciada em 2011, e traz à superfície vozes e presenças que foram silenciadas ao longo dos anos”, destaca Padre Mauro.
Para o lançamento oficial da obra serão realizados três eventos abertos e gratuitos em Belo Horizonte: no dia 18, terça-feira, às 20h, no Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu); no dia 22, sábado, às 10h, no Auditório Generosa, Felicíssima e Nicolau do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB); e no dia 23, domingo, às 10h, na Paróquia Santo Afonso de Ligório (confira os endereços abaixo).
Segundo Emanuela São Pedro, coordenadora do projeto e Diretora Institucional da Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), organização responsável pela execução dos projetos da NegriCidade, os locais escolhidos para o lançamento do livro também têm uma importância histórica por reunirem pessoas das comunidades que outrora foram excluídas e relegadas às periferias. “A ocupação do MHAB, no dia 22 de fevereiro, por exemplo, será muito mais do somente uma sessão de autógrafos e roda de conversa, estaremos ocupando um auditório dedicado à história, pesquisa e difusão do conhecimento sobre a capital mineira, em um casarão da antiga Fazenda do Leitão, construído em 1883, nos tempos em que Belo Horizonte era conhecida como Arraial do Curral del Rei”, destaca.
Durante o lançamento no MHAB, os visitantes também poderão conferir a exposição “Generosa, Felicíssima e Nicolau – Nomes sem Histórias e Histórias sem Nomes”, que estará em exibição até 29 de junho de 2025. A mostra é realizada em parceria com o Muquifu e já rendeu frutos, como ressalta Padre Mauro: “Além de termos conseguido promover essa mostra como forma de reconhecimento a essas pessoas escravizadas que dão nome à exposição, o museu também nomeou o auditório em homenagem a elas, o que destaca o simbolismo das narrativas na história do local e da própria cidade”.
O livro do Largo do Rosário faz parte do “NegriCidade: Resgate do Território Negro do Largo do Rosário”, projeto realizado pela AIC com recurso do Ministério da Igualdade Racial/Governo Federal, via emenda parlamentar indicada pela ex-deputada federal Áurea Carolina na Lei Orçamentária Anual 2023, e em parceria com o Muquifu e o Projeto NegriCidade.
Serviço: Lançamento do Livro "Largo do Rosário - Do Arraial dos Pretos à Cidade dos Brancos"
18/02 (Terça-feira) - 20h: Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu), às 20h, durante o Chá da Dona Jovem.
Endereço: Rua S. Antônio do Monte, 708, Vila Estrela.
22/02 (Sábado) - 10h: Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), às 10h, com uma roda de conversa no Auditório Generosa, Felicíssima e Nicolau.
Endereço: Av. Prudente de Morais, 202, Bairro Cidade Jardim.
23/02 (Domingo) - 10h: Paróquia Santo Afonso de Ligório e SABIC (Associação dos Amigos das Bibliotecas Comunitárias), às 10h, com uma Manhã de Autógrafos na Biblioteca Comunitária Renascença.
Endereço: Praça Muquí, 89, Bairro Renascença.
Sobre o idealizador
Prof. Dr. Pe. Mauro Luiz da Silva é um estudioso dedicado à preservação da memória e da cultura negra. Sua pesquisa sobre o Largo do Rosário é um importante passo para o reconhecimento da contribuição da população afrodescendente na construção de Belo Horizonte.
Sobre a AIC:
Fortalecer, articular e promover ações coletivas de construção da cidadania é o horizonte que norteia o trabalho da Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), organização sem fins lucrativos que soma 31 anos de atuação em variados projetos e programas, realizados junto a uma rede de mais de 500 entidades parceiras. Seu trabalho já obteve o reconhecimento de prêmios nacionais e internacionais.
Foto: Reprodução/Instagram
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