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Ruas de Belo Horizonte recebem o espetáculo “Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver”
Cortejo teatral passará por ruas e praças da cidade, unindo performance, tradição e tecnologia em apresentações gratuitas
Resgatando a prática do cortejo teatral, a produtora Carabina Cultural apresenta em Belo Horizonte o espetáculoSubo para esquecer o que de baixo já não consigo ver. As apresentações ocorrem entre fevereiro e março nos seguintes bairros da capital mineira: Barreiro (19 e 21 de fevereiro), Santa Tereza (27 e 28 de fevereiro) e Santa Lúcia (5 e 6 de março). Com concepção e direção de Carlos Canela, o espetáculo conta com trilha sonora original de Sérgio Pererê. Todas as apresentações são gratuitas.
Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver une o novo, o tecnológico, à tradição dos cortejos teatrais e aos elementos circenses. Inserindo ferramentas audiovisuais e projeções ao trajeto, o espetáculo promove uma experiência sensorial, permitindo uma nova interação entre público e cidade, suas ruas e praças, mediada pelo cortejo e as performances de seus atores e artistas circenses. “Qualquer um pode ver tudo, sem restrições. A obra é ‘aberta’ e o público tem liberdade para compreender o que quiser. Além disso, cada espetáculo é único, já que dialoga com os equipamentos urbanos durante o percurso”, comenta o diretor do espetáculo, Carlos Canela.
Criada exclusivamente para o espetáculo, a Unidade Móvel de Projeção é um dispositivo que permite a projeção audiovisual ao longo do cortejo pelos bairros da cidade. Alimentada por baterias, a Unidade permite direcionar livremente as imagens para quaisquer superfícies presentes no percurso. Desse modo, o espectador permanecerá, literalmente, dentro do espetáculo – e, de certa forma, dentro dos próprios filmes mostrados.
Se a tecnologia moderna é parte importante da construção do espetáculo, os dilemas do homem contemporâneo surgem como elementos essenciais para sua construção textual. As performances dos atores em cena abordam os limites impostos pelas sociedades atuais, a evolução das relações de poder ao longo do tempo e a angústia existencial do homem moderno frente à estas questões. Em conjunto com suas ferramentas audiovisuais, as performances realizam uma “radiografia” dos processos históricos que levaram homem e sociedade ao estágio no qual se encontram hoje: o sentimento de apatia dominante e a aceitação da vida como ela é.
Criada por Sérgio Pererê, a ideia inicial para a trilha sonora do espetáculo surgiu após uma conversa com o diretor Carlos Canela: “Todo o processo foi se desenvolvendo de modo intuitivo, muito natural, quase mágico, como se as músicas 'pedissem' para serem criadas. A trilha foi criada para ser um elemento que não prendesse ninguém a lugar nenhum”, descreve Pererê. A proposta foi desenvolver uma trilha sonora aberta, que não inserisse o espetáculo em nenhum tempo ou lugar, mantendo a ideia do cortejo, que dialoga com todos os espaços, ruas e praças onde for apresentado. Como referências, foram utilizados elementos de diferentes etnias ou de etnia alguma – para criar uma percepção atemporal e não-espacial, como a inserção de trechos em mandarim e em dialetos inventados. “Para o espetáculo, a grande preocupação com a trilha era com o aspecto imagético, criar imagem, o fogo, por exemplo, através do som”, complementa o músico.
Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver é o primeiro projeto da produtora Carabina Cultural para execução em 2016, que posteriormente realizará a produção de um filme de longa-metragem dirigido por Carlos Canela e uma oficina de audiovisual aprovado pelo programa Descentra Cultura 2015 da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, a circulação do espetáculo conta também com o apoio cultural das empresas e instituições como a Mills, TWS Telecom, Casa do Beco e Parada do Cardoso que acreditam na força dessa peça como um marco para a produção cultural de BH.
Sinopse
O espetáculo Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver é um grande espetáculo-cortejo que une teatro, música, audiovisual e elementos circenses para fazer uma radiografia do ser humano através da história.
O espetáculo surgiu a partir da conjunção de três grandes desafios: falar da privação da liberdade como causa dos grandes males da sociedade moderna, trazer a tecnologia, principalmente o audiovisual, de forma harmônica para dentro de um espetáculo de rua e, por fim, produzir um grande espetáculo de rua, no formato de cortejo, que se aproprie dos espaços e os transformem em parte integrante do espetáculo.
Com esses objetivos em mente, o espetáculo foi montado unindo tecnologia, audiovisual, música e performances teatrais e circenses, transformando a rua em um grande cenário, ampliando as possibilidades de um teatro vivo, que se apropria do espaço e traz o público literalmente para dentro do espetáculo em uma viagem basicamente sensorial.
Partindo dos momentos iniciais da evolução humana, quando ainda se lutava por questões básicas de sobrevivência, o espetáculo passa pelas guerras que estabelecem limites territoriais, pelas religiões que impõe limites morais e relacionais, pela moral que estabelece regras sociais, pela estética que redesenha os limites comportamentais até chegar, finalmente, nos tempos modernos, com a potencialização das leis e legitimação do poder como mentor da sociedade moderna e gestor da restrição às liberdades humanas.
Falando da falta de tolerância, do fundamentalismo tanto religioso quanto ideológico, da busca de um poder artificial que esconda a fragilidade de cada um, o espetáculo traça um retrato do homem moderno e dos processos históricos que o foram moldando em um ser aprisionado, solitário e fragilizado frente a um mundo que ele não entende.
Sobre a Carabina Cultural
Quando Carlos Canela e Suzana Markus vieram de Juiz de Fora para BH, em 1997, já existia a intenção de trabalhar com teatro. Eles haviam se conhecido na montagem de um espetáculo em Juiz de Fora e queriam abrir outras possibilidades na capital mineira. Ao chegar, realizaram um curso de vídeo e se apaixonaram pela loucura e pela amplitude de possibilidades oferecidas pelo audiovisual. Fundaram, então, a Carabina Filmes, para dar vazão às produções. Há quatro anos, no entanto, montaram o espetáculo “Sgroft, Herética ou Ninguém”, a partir de um texto, escrito por Canela, protagonizado e produzido por Suzana Markus, de modo a recuperar um pouco daquele bom sentimento de desamparo proporcionado pelo teatro.
A peça foi indicada a cinco categorias do prêmio SATED de teatro, recebendo o título de melhor cenografia. Isso motivou Canela e Suzana a investir, novamente, no teatro e, quando da montagem da equipe do novo espetáculo, “Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver”, decidiram ampliar as possibilidades da Carabina, com ampla experiência em produções culturais e projetos audiovisuais, fez vibrar uma produtora cultural que, além de realizar projetos próprios, propõe-se a executar trabalhos que aliem qualidade, inovação e sustentabilidade, por meio de planejamentos eficazes e diferenciados.
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