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Festival Internacional de Música Histórica de Diamantina chega à sua segunda edição

Concertos, cursos, oficinas e aulas-espetáculos convidam o público a descobrir o as ricas influências das culturas ibéricas na tradição musical do Brasil.

De 19 a 28 de fevereiro, a riqueza da música tradicional de origens ibéricas no Brasil ganha lugar de destaque na cidade de Diamantina, no interior de Minas Gerais, com a realização da segunda edição doFestival Internacional de Música Histórica - De la Mancha ao Sertão: o Ibérico na tradição musical do Brasil. O evento reunirá em sua programação concertos, aulas-espetáculos, mini-cursos, palestras e saraus, proporcionando ao público uma experiência além da música em si, trabalhando, também, o pensamento e o estudo acerca da música histórica - seu percurso, suas vertentes, seus compositores - possibilitando, assim, a formação e maior participação do público. Toda a programação tem entrada gratuita.

 

Em sua segunda edição, o Festival adota o termo "Música Histórica", substituindo a expressão "Música Antiga" utilizada na edição anterior, como forma de integrar, para além da música erudita, registrada em partituras, os saberes passados de geração a geração pela tradição oral, o conhecimento popular, as ricas experiências culturais dos processos históricos. Para o diretor artístico do Festival, Marco Brescia, a mudança visa, nesta edição, "abarcar o fazer musical ibérico disseminado pela tradição oral, ancestral, vernacular, custodiada pelas gentes dos Sertões do Brasil, que juntos conformam o riquíssimo arcabouço da cultura brasileira mais autêntica".

 

O Festival contará com importantes nomes locais, nacionais e internacionais, que permitirão ao público uma oportunidade singular de encontro com a música histórica, por meio de concertos e do diálogo nos mini-cursos, aulas-espetáculos e debates. "A presença de especialistas nas mais diversas disciplinas conformam uma oferta de programação ampla e coerente, que busca entender o Brasil e suas raízes históricas", complementa Marco Brescia.

 

Nove concertos e apresentações integram a programação do Festival, que recebe os convidadosFavola d’Argo (Portugal/Brasil/Espanha), que se apresentam na abertura do evento, Rosa Armorial (Curitiba, Brasil), Capella de Ministrers (Espanha), Edite Rocha (Portugal/Belo Horizonte, Brasil),Quarteto Diamantino (Diamantina, Brasil), Cristina García Banegas (Uruguai), Banda de pífanos do Serro e Daniel Magalhães (Serro, Brasil) e Ilumiara (Belo Horizonte, Brasil), além dos alunos do curso de órgão(que será oferecido pelo Festival), que realizarão um recital, como fruto do aprendizado alcançado na atividade.

 

Entre os destaques internacionais, estão os espanhóis do Capella de Ministrers e a uruguaia Cristina García Banegas. O Capella de Ministrers, desde 1987, tem desenvolvido um trabalho singular de pesquisa musicólogica acerca do patrimônio musical de seu país, desde o repertório medieval até o do século 19.  O resultado, transformado em testemunho musical, conjuga três fatores fundamentais: o rigor histórico, a sensibilidade musical e, especialmente, um desejo irrefreável de comunicar e nos fazer partícipes dessas experiências. Já a musicista uruguaia Cristina García Banegas é professora de Órgão na Escuela Universitaria de Música de Montevideo desde 1985. Cristina é fundadora da Ensemble Vocal e Instrumental De Profundis, grupo que atua desde 1987 na pesquisa e recriação de música barroca latino-americana. Além disso, é responsável pelo Festival Internacional de Órgãos do Uruguai.

 

Os brasileiros Rosa Armorial, com participação do compositor Antônio Madureira, e Quarteto Diamantino estão entre as atrações nacionais mais aguardadas. O Quarteto Diamantino é formado pelos músicos Evandro Archanjo (flauta e direção musical), Filipi Sousa (violino), Vítor de Abreu (viola) e Gláucia Furtado (violoncelo), de Diamantina, e trará à tona um repertório importante da cidade que encontrava-se adormecido no acervo de partituras históricas de compositores locais. Já o Rosa Armorial, de Curitiba está em atividade desde 2002, tocando música popular brasileira. Em 2009, a partir de seu espetáculo baseado em pesquisa sobre o Movimento Armorial, eles adotaram o atual nome e o repertório armorial em suas composições e apresentações. O grupo gravou seu primeiro CD em 2011 e posteriormente um DVD com Antônio Madureira, um dos compositores mais expressivos do Movimento Armorial, que participa do concerto em Diamantina e também fará aula-espetáculo na programação do Festival.

 

A programação de mini-cursos conta com atividades relacionadas a prática de orgão, canto, pífanos, cordas friccionadas, cordas dedilhadas, viola caipira (para iniciantes e avançados), construção de pandeirões e percussão. As atividades serão realizadas por convidados nacionais e internacionais, como Cristina García Banegas (Uruguai), Delia Agúndez (Espanha), Carles Magraner (Espanha), Ivan Vilela (Brasil), Carlinhos Ferreira (Brasil) e Pau Ballester (Espanha). As inscrições são gratuitas e já estão abertas no site: www.musicahistoricadiamantina.com

 

Já os músicos Carles Magraner, Antônio Madureira e Ivan Vilela apresentarão aulas-espetáculos, oferecendo ao público mais uma oportunidade de aproximação e descoberta acerca da música histórica.  Carles Magraner é musicólogo fundador e diretor do grupo Capella de Ministrers, especialista em música ibérica. Com pesquisas voltadas para o universo da Cultura Popular e da Música Popular Brasileira, Ivan Vilela é professor na Escola de Comunicação e Artes da USP, onde leciona disciplinas ligadas à história da música e à prática musical. Já o compositor Antônio Madureira é um dos principais nomes do Movimento Armorial, criado na década de 1970. Participam do movimento artistas e intelectuais nordestinos, notadamente pernambucanos, que buscam uma valorização das artes populares brasileiras. Liderado por Antônio, O Quinteto Armorial e o Quarteto Romançal são uma das maiores referências musicais do Movimento Armorial.

 

Palestras e debates também fazem parte da programação. O escritor Bráulio Tavares apresenta o tema:Mar/sertão, saudade e infinito na poesia popular do Brasil. Com mais de 20 livros publicados, incluindo romance, conto, ensaio, poesia, literatura infantil e literatura de cordel, Bráulio é ganhador de importantes prêmios literários, no Brasil e em Portugal, como o Jabuti (Brasil), APCA (Brasil) e Prêmio Caminho de Ficção Científica (Portugal). Cinco grandes músicos e pesquisadores, brasileira, serão são convidados a participar de uma Conversa de instrumentos. São eles: Ivan Vilela (viola caipira), Ari Colares (pandeiro), Chico Saraiva (violão), Daniel Magalhães (pífano) e Tiago Saltarelli (rabecas). “Uma espécie de mesa de bar, onde poderemos escutar o rico diálogo entre instrumentos de herança ibérica que se caracterizam hoje como tipicamente brasileiros”, como cita Marco Brescia.

 

Completando a programação, o grupo de Caixa de Assovio, da cidade do Serro, se apresenta junto ao músico Daniel Magalhães, com o colorido dos pífanos e caixas típicos do Vale do Jequitinhonha e do Norte de Minas. Às noites, saraus livres com a participação de músicos e poetas da cidade, sob a coordenação do poeta, livreiro e escritor Paulo Nunes .

Foto: Tamaris Fontanella

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