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Um presente inesperado que muda a vida do jornalista e publicitário carioca Tomás Augusto —depois de receber a notícia do falecimento do pai que ele não conheceu— norteia o livro “O Presente”, segundo romance do escritor mineiro Luiz Fernandes de Assis. O autor faz um convite ao leitor para se debruçar sobre os dilemas vividos pelo personagem principal, que busca retomar suas origens em uma viagem interior ao encontrar uma mala, provavelmente a única herança deixada pelo pai. A obra será lançada em Belo Horizonte, no dia 22 de fevereiro, a partir das 11h30, na livraria Scriptum (rua Fernandes Tourinho, 99 - Savassi).

Em meio a uma vida repleta de incertezas e alegrias, como a satisfação de ser pai pela primeira vez, as últimas linhas da dissertação de mestrado e o casamento à beira do abismo, o personagem principal revive os fantasmas deixados pelo abandono do pai. Na obra, editada pela Scrittore, Luiz Fernandes de Assis cria, em determinado momento, dois caminhos para a história, fazendo com que o leitor fique ainda mais envolvido com a trama. Ao longo da trama, Tomás Augusto descobrirá um novo elemento, que deixará ainda mais evidentes os mistérios familiares que o cercam. Essa novidade será responsável por dar desfechos distintos e surpreendentes, trilhados a partir de diferentes decisões de vida.

“Criei uma narrativa em que o leitor vai encontrar elementos reais mesclados à ficção e na qual as possibilidades não estão fechadas. A vida não deixa ter suas encruzilhadas; tudo vai depender das escolhas de cada um. Espero que o suspense em torno dessas possibilidades conduza o leitor até o último capítulo”, afirma Assis.

Inspiração

O papel de pai sempre intrigou Luiz Fernandes de Assis. Então, por que não aprofundar um pouco mais nos sentimentos tão obscuros de uma relação entre pai e filho? Foi a partir daí que o autor deu início à jornada de descobertas e criou Tomás Augusto. “O pai é essencial na estrutura psíquica e emocional de qualquer ser humano e, quando ausente, o buraco que deixa é muito profundo. Por isso, pensei em um personagem que viveu toda a sua vida sem a presença paterna”, revela Assis.

A realidade também esteve constantemente presente no processo criativo do autor. “O leitor vai notar que o protagonista está inserido em dois fenômenos dos quais ninguém consegue escapar atualmente: a avalanche de notícias e a expansão da propaganda”, complementa.

O autor ainda dá um toque a mais de realidade ao personagem fictício. Por estar tão envolvido no campo da comunicação —Tomás atua como jornalista e freelancer da área publicitária—, ele foi concebido para ter uma visão crítica sobre o próprio papel da imprensa e os dilemas vividos pelos jornalistas nas redações e nas instituições públicas.

Liberdade entre linhas

Quando perguntado sobre o seu estilo literário, Luiz Fernandes de Assis é categórico. “Sinceramente, não sei e deixo aos leitores descobrirem.” E, se para muitos, ler é uma forma de fantasiar a realidade, escrever para o autor é a conquista da liberdade. “Quando estou escrevendo não me policio nem deixo a autocensura aparecer. A literatura, nesse sentido, é libertadora. Acredito que a coragem é condição indispensável ao escritor,” acrescenta.

Sobre o autor:

A vontade de ser escritor começou na adolescência, quando o autor, que é formado em história pela UFMG, teve a oportunidade de conviver de forma prazerosa com a prosa pessoal e ficcional de Luiz Vilela, nome já reconhecido na época na literatura nacional, em Ituiutaba (MG). Logo em seguida, Assis se mudou para Belo Horizonte e nunca mais deixou de escrever. No ano 2000, antes da virada do século, publicou uma gaveta cheia de contos, que foi transformada no seu primeiro livro “Tese e outras histórias”. “O Cheiro do Vulcão” foi outro livro de contos inéditos publicado em 2002. Mas o autor se viu realizado ao escrever seu primeiro romance, em 2009: “Na Esquina do Século”.