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Debate sobre o lugar da política no cinema encerra as discussões temáticas deste ano na mostra de Tiradentes

Fechando o ciclo de encontros temáticos da 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, nesta sexta-feira acontece o debate “O Lugar da Política no Cinema”, às 16h, no Cine-Teatro Sesi. O professor Fernão Ramos e os cineastas Luiz Rosemberg Filho e Anita Leandro estarão na mesa, mediada por Hernani Heffner, para discutir qual o lugar do cinema autoral no cenário contemporâneo brasileiro, marcado por discussões políticas pautadas pela mídia e pela sociedade.

 

Pouco antes, às 14h30, será exibido na mesma sala “Retratos de Identificação”, deAnita Leandro, na Sessão Debate. O documentário parte de questões relativas à ditadura militar no país e servirá de ponto de partida para as conversas a serem realizadas logo em seguida.

 

O penúltimo dia da Mostra promete ser intenso. Às 16h30 tem a Cena Mineira, com quatro curtas-metragens no Cine-Tenda, seguida da Mostra Transições, com o longa“Casa Grande”, de Fellipe Barbosa, às 18h. O filme circulou por dezenas de festivais no mundo.

 

A partir das 20h começam as exibições dos dois últimos concorrentes da Mostra Aurora 2015. “Ressurgentes – Um Filme de Ação Direta”, de Dácia Ibiapina, é uma produção do Distrito Federal pautada por conflitos e manifestações populares. Às 22h, a Aurora se encerra com “Medo do Escuro”, de Ivo Lopes Araujo, realizador do Ceará que já competiu na mostra em 2008 com “Sábado à Noite”.

 

Ainda no Cine-Tenda, a Sessão Bendita exibe “Noite”, de Paula Gaitán, no Cine-Tenda. O filme é um mergulho sensorial no universo da música eletrônica carioca, em imagens e sons característicos dos trabalhos audiovisuais da diretora. Para quem ficar no Cine BNDES na Praça, o programa é “Cada Vez mais Longe”, de Eveline Costa e Oswaldo Eduardo Lioi, às 21h.

 

Desafio para a cinemateca brasileira é lançada durante debate 

 

Num encontro realizado na tarde de quinta-feira, no Cine-Teatro, a coordenadora geral da Mostra de Tiradentes, Raquel Hallak, lançou um desafio ao Ministério da Cultura: que em junho, durante a 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, seja apresentado um novo modelo de gestão e atuação da Cinemateca Brasileira. O órgão, central à preservação audiovisual no país, passa por crise institucional há quase dois anos.

 

Na mesa, com Raquel Hallak, estavam Adriano de Angelis, assessor especial do MinC;Carla Francine, ex-gestora do Audiovisual da Secretaria de Cultura de Pernambuco; eRicardo Targino, cineasta e ativista. Foram discutidos e apresentados diversos pontos de fragilidade da atual política do governo federal em relação ao audiovisual e a busca por perspectivas diante da volta de Juca Ferreira ao MinC, após as gestões controversas de Ana de Hollanda e Marta Suplicy.

 

“Existe uma crise instalada”, diagnosticou Ricardo Targino. Carla Francine – nome defendido abertamente pela classe cinematográfica para assumir a Secretaria do Audiovisual – reforçou: “Temos toda a diversidade cultural no país, mas nos falta potência política”.

 

No debate “Trânsito entre Telas”, realizado também na quinta-feira, nomes ligados a produções elogiadas da teledramaturgia brasileira falaram sobre linguagem e narrativa.José Luiz Villamarim, diretor de núcleo na Rede Globo, disse que a TV brasileira “precisa reeducar o olhar do espectador”.

 

O bom momento das séries televisivas, especialmente nos EUA, foi um dos pontos comentados na mesa, mediada pelo crítico Rodrigo Fonseca. O roteirista Marcos Bernstein falou do formato dos seriados e do quanto a linguagem, por mais inovadora que possa parecer, acaba por absorver muito de elementos facilmente decodificados pelo público.

 

Bernstein disse que o melodrama caracteriza as produções brasileiras e que é preciso tomar cuidado para, mesmo em outros gêneros, não deixar que o dramalhão – mais presente nas novelas – tome conta. Ele defendeu mais tempo e reflexão nos dramas exibidos na rede aberta brasileira, em vez do excessivo falatório também típico de novelas. “O silêncio ganhou espaço na TV, mas ainda é um privilégio”, comentou.

 

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