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Com crescimento de mais de 300% de casos só nos primeiros dias de janeiro, Minas pode ter epidemia de dengue em 2024

Infectologista do Hospital Semper afirma que uma das maiores preocupações das autoridades de saúde refere-se ao ressurgimento do sorotipo 3 do vírus, que não era identificado no país há 15 anos

Dados preliminares do Governo de Minas revelam que o estado registrou 415 casos de dengue nos oito primeiros dias desse ano, contra 100 nos 10 primeiros de 2023, um crescimento de 315%. Vale lembrar que 2023 já foi considerado um ano endêmico, com 321.038 notificações da doença, uma média de quase 880 por dia, e 198 mortes. Em 2022, foram 74.796 infecções (246.242 a menos), quase 205 por dia, e 68 óbitos.

Infectologista do Hospital Semper, em Belo Horizonte, o médico Leandro Curi afirma que uma das maiores preocupações das autoridades de saúde refere-se ao ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil, que não era identificado no país há 15 anos. Com isso há um alerta para uma nova epidemia, marcada por volumes altos de pessoas infectadas, o que certamente causará superlotação nos atendimentos hospitalares. “Como, nos últimos anos, grande parte da população, foi infectada pelos tipos 1 e 2 [da dengue], estamos mais suscetíveis ao subtipo 3”, explica o especialista acrescentando que ele não se difere clinicamente dos outros. “Por ser uma infecção viral, a dengue tem sintomas comuns à enfermidades dessa categoria, entre eles febre, mal estar, fadiga/fraqueza, vômito persistente, dores no corpo, falta de apetite e diarreia. Há casos onde há registro de cefaleia, dor nos olhos e articulações. Quadros graves, por sua vez, têm sangramento na gengiva, nariz ou na urina, manchas no corpo, entre outros sinais”, completa.

Ainda segundo Curi, a confirmação da infecção se dá através do Teste Rápido de Dengue IgG IgM e Antígeno NS1, feito através de amostra do sangue. Ele é indicado para um diagnóstico precoce da doença, a partir do 1º dia de sintomas e ajuda na diferenciação da fase aguda e tardia da dengue. “Vale lembrar, porém, que este é um teste de triagem. Sendo assim, os resultados devem ser interpretados por um médico especializado”, ressalta o infectologista.

Leandro também pontua que, em caso de diagnóstico confirmado, a primeira medida é jamais se automedicar. A automedicação, segundo o médico, pode ser ainda mais nociva nos casos de dengue. “O melhor a fazer é procurar atendimento médico nos postos de saúde. Caso o paciente esteja em estado mais grave, é urgente recorrer às Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Ressalto ainda que durante o processo de recuperação, a hidratação, para quem não tem contraindicação, é fundamental. A ingestão de água, inclusive, é usada no tratamento de muitas outras viroses”.

População e governos falharam

Leandro Curi destaca que tanto a população quanto os governos perderam a guerra contra o vetor que transmite a dengue, o mosquito Aedes aegypti. A primeira falhou em não prevenir com eficiência os focos de transmissão do inseto, que se reproduz em depósitos de água parada, principalmente nas temporadas chuvosas. “Já o governo erra ao veicular propagandas institucionais e investir recursos em prevenção apenas nas épocas de alta dos casos. É importante falar e reforçar o assunto, também, nos períodos fora da epidemia”.

Por fim, o médico afirma que apesar do recente anúncio do Ministério da Saúde sobre a chegada da vacina Qdenga ao SUS a partir de fevereiro - que servirá como uma importante arma no enfrentamento à doença - ela não será capaz de erradicar o vírus. “O que nós iremos diminuir, com a aplicação das doses, são as manifestações graves e leves da doença, além das taxas de mortalidade, porém o vírus continua circulando, já que o vetor - mosquito Aedes aegypti - não será extinto. Cabe a nós continuarmos as ações de prevenção ao longo de todo o ano: eliminar os depósitos de água parada e assim, minimizar as chances de que novas epidemias continuem surgindo”.

Importante

A QDenga já está disponível no mercado privado, por cerca de R$ 350. Contudo, a quantidade de doses é insuficiente para uma vacinação em massa. A vacina pode ser tomada por pessoas com idades entre 4 e 60 anos, desde que não haja contraindicações. O imunizante não é recomendado para gestantes, lactantes e imunossuprimidos.

Foto: Larissa Oliveira

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