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"Aqui na serra, cipó é corda que o vento toca
E acorda o que no leito do Rio dormia.
Ressoa lá nas bandas de Uberaba
Depois desce Floresta e sobe Bahia.

Nem Ponta de Areia é ponto final
Pra esse som sem estribeira,
Que estoura boiada e abre porteira,
Pra além das fronteiras desse curral.

Dos palmos debaixo do chão sai pro mundo afora.
Vem do dom da alma pra palma da mão.
Do tapa no couro, o alarido ecoa no peito
E descompassa a respiração.

Esse som quando toca, Tatu desentoca,
Doce no tacho desanda e relógio desatina.
Ele é mal sem cura, febre que não abranda,
É de onde se nasce e para o que se destina.

Mas não se molda feito barro, não se laça feito gado.
Não se cala nem em sexta-feira da Paixão.
É escolha, mas também é sina.
Perturbação infinda, mas também redenção."

(Noele Karime)

O Couro acorda o Vento é o novo projeto dos músicos Marcos Ruffato (Bandolim), Túlio Araújo (Pandeiro), Lucas Telles (Violão 7 Cordas), Marcelo Chiaretti (Flauta) e Jorge Continentino (Sax/ Pífano).

A proposta é partir da influência regional do Choro, que todos os integrantes compartilham, extrapolando as fronteiras do Jazz e da música instrumental contemporânea. O repertório vai do Baião ao Beebop, da Bossa ao Reggae, do Samba ao Ragtime. Composições próprias e releituras de Hermeto, Coltrane, Dominguinhos, Pixinguinha, Django, Jacob e Brubeck, dentre outros, são certezas de um show inusitado, instigante e extremamente musical.

Foto: Vladimir Radojicic